sábado, 22 de dezembro de 2007

Poesia

Pus o meu sonho num navio
e o navio em cima do mar;
- depois, abri o mar com as mãos,
para o meu sonho naufragar

Minhas mãos ainda estão molhadas
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre de meus dedos
colore as areias desertas.

O vento vem vindo de longe,
a noite se curva de frio;
debaixo da água vai morrendo
meu sonho, dentro de um navio...

Chorarei quanto for preciso,
para fazer com que o mar cresça,
e o meu navio chegue ao fundo
e o meu sonho desapareça.

Depois, tudo estará perfeito;
praia lisa, águas ordenadas,
meus olhos secos como pedras
e as minhas duas mãos quebradas.

Cecília Meireles

Um comentário:

Eu* disse...

Ao começar a ler o poema me veio à cabeça: Cecília Meireles....

E ao terminar de ler: Cecília Meireles!

Muito bom !!!!

Eu tb pus meu sonho num navio...vamos ver aonde vai.....

bjs!

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